quarta-feira, 24 de abril de 2019
Mundo da geriatria: Como diagnosticar uma demência ?
Mundo da geriatria: Como diagnosticar uma demência ?: E em mais um dia no consultório médico, um idoso chega preocupado com sua memória: "Dra, estou muito esquecido. Tenho me confundido ...
segunda-feira, 22 de abril de 2019
Como diagnosticar uma demência ?
E em mais um dia no consultório médico, um idoso chega preocupado com sua memória:
"Dra, estou muito esquecido. Tenho me confundido com os dias da semana, e, já é a segunda vez que esqueço o que ia comprar no mercado. Me ajude !"
Quando o paciente está com queixas de memória, o primeiro passo é sabermos se é algo frequente, e o quanto isto está atrapalhando sua rotina.
É possível, através de testes clínicos feitos durante a consulta médica, quantificarmos o déficit, e analisarmos detalhes da cognição.
Aqui é importante explicar o que é cognição - são funções cerebrais que podem estar afetadas em um quadro demencial: memória; atenção; orientação espacial; comportamento social; linguagem, e função executiva.
Complicou um pouco, não é mesmo ?
Mas nosso cérebro é realmente complexo.
É comum pessoas com sintomas depressivos se queixarem de esquecimentos, mas na verdade quando avaliamos detalhadamente, a pessoa está dispersa, não concentrada em suas atividades - a atenção está diminuída, e não a memória.
Durante o envelhecimento natural (senescência), a atenção costuma diminuir, principalmente a atenção dividida - que é aquela quando fazemos mais de uma tarefa ao mesmo tempo.
Vamos ver um exemplo:
Se um jovem escreve no computador e conversa com outra pessoa no telefone ao mesmo tempo, tudo bem; mas se um idoso está cozinhando e vai atender o telefone, é provável que a comida vai queimar.
Super comum, não é mesmo?
Você deve estar concluindo - nem todo esquecimento significa um processo demencial.
Verdade, esta é uma mensagem importante.
Além de analisarmos o nível de atenção do idoso, devemos observar que há casos demenciais menos comuns, onde a memória é preservada no início da doença.
É o caso da chamada Demência Fronto Temporal.
Neste tipo de demência, o principal sintoma é a alteração comportamental. O paciente muda totalmente seu estilo de agir com o mundo - se torna agressivo, inclusive com a família; desinibido; pode ter comportamentos compulsivos (como comer demasiadamente).
Importante antes de qualquer diagnóstico, descartarmos os quadros em que a Medicina classifica como demências potencialmente reversíveis.
Sim, existem alterações que se tratadas, revertem as queixas de memória do paciente.
São as seguintes: déficits de vitamina B12 e ácido fólico; alterações metabólicas (doenças da tireóide, hepáticas e renais); hidrocefalia de pressão normal - HPN; hematoma subdural crônico - HSD, e tumores do sistema nervoso central.
Para avaliarmos um paciente que chega com queixas de memória no consultório, é necessário sabermos detalhes das falhas apresentadas no dia-a-dia (o que é relatado pelo próprio paciente, e também por um familiar ou amigo próximo); aplicar testes cognitivos, e solicitar exames laboratoriais e radiológicos, para podermos descartar as causas reversíveis de demências.
Alguns testes cognitivos que aplicamos no consultório médico são:
Mini Exame do Estado Mental e o Teste do Relógio, os quais fornecem dados da cognição global - atenção, linguagem, orientação espacial, memória; os seus resultados são classificados de acordo com a escolaridade do paciente.
Os testes não dão diagnóstico, mas auxiliam na análise da queixa de memória do paciente.
Espero ter colaborado com o processo de diagnóstico das síndromes demenciais.
Na próxima publicação, iremos abordar o tratamento.
Um abraço a todos
Com carinho
Anna Carolina Peres
terça-feira, 9 de abril de 2019
Mundo da geriatria: O que são as demências ?
Mundo da geriatria: O que são as demências ?: Será que todo esquecimento é prenúncio de um quadro demencial ? Quem já não esqueceu a chave na porta de casa (do lado de fo...
O que são as demências ?
Será que todo esquecimento é prenúncio de um quadro demencial ?
Quem já não esqueceu a chave na porta de casa (do lado de fora), deixou a comida queimar na panela ou perdeu os óculos, que atire a primeira pedra.
Fato é que todos nós já nos esquecemos de algo no dia-a-dia, não é verdade ?
Fique tranquilo ! Na maior parte dos casos, as falhas de memória são devidas à rotina estressante, onde fazemos diversas atividades ao mesmo tempo (e com isso ficamos mais distraídos), e sempre com pressa.
Quando usamos o termo demência, significa que os esquecimentos diários são tão frequentes e importantes, a ponto de atrapalhar a funcionalidade do indivíduo. A pessoa passa a precisar de ajuda para atividades que antes conseguia realizar sozinha.
Vou dar alguns exemplos:
* uma senhora que sempre cozinhou muito bem, e começa a se confundir no preparo dos alimentos (coloca sal no lugar do açúcar; esquece de receitas que sabia de cor)
* um idoso que já foi motorista de táxi, que começa a esquecer os trajetos que deve percorrer, chegando a se perder no trânsito
É fundamental enfatizar que para se classificar alguém com um processo demencial, a funcionalidade esteja afetada.
Citei exemplos de pessoas idosas, porque o fator de risco mais importante para o desenvolvimento de uma demência é a idade - quanto mais velhos ficamos, maior o risco de desenvolvermos.
Outros fatores associados ao desenvolvimento das demências são:
* escolaridade - quanto mais anos de estudo, mais protegido está o cérebro
* sedentarismo - quanto mais atividades físicas, melhor o funcionamento cerebral
*doenças clínicas não controladas - hipertensão arterial sistêmica e diabetes mal cuidados interferem na circulação do cérebro, atrapalhando a saúde dos neurônios
* traumas crânio encefálicos (TCE) - histórico de traumas importantes no cérebro podem gerar lesões importantes em áreas responsáveis pela memória
E aqui surge uma angústia muito grande dos familiares de pacientes idosos com demência: "será que eu, filho, terei o risco de também ter este problema de saúde ?"
A resposta é confortadora: a maior parte dos casos demenciais são esporádicos, ou seja, o fato de seu familiar ter a doença não significa que você a desenvolverá. Os casos genéticos, ou hereditários, são raros, principalmente na doença de Alzheimer , onde apenas 0,5% são enquadrados neste grupo (relacionados a casos raros em adultos jovens).
A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência, seguida pela demência de origem vascular (secundária a acidentes vasculares no cérebro).
A história clínica do paciente é de evolução lenta - pessoa idosa que começa a ter esquecimentos, inicialmente imperceptíveis, e vão aos poucos piorando.
Alterações no humor podem ocorrer também - aquele idoso, que além de esquecer de muitas coisas, fica agressivo, por exemplo.
Espero ter contribuído para o entendimento do significado das demências.
Na próxima publicação, abordarei como diagnosticá-las - quais os critérios clínicos (e com isso os diversos tipos de demências), e quais exames devemos solicitar ao paciente.
Até breve
Com carinho
Anna Carolina Peres
Entendendo as Demências
Bom dia pessoal lindo, td bem com vocês ?
Inspirada por um grande amigo da adolescência - Lucas Tassoni Cunha, dos tempos em que frequentávamos o querido "Grupo de Adolescentes" da Paróquia Coração de Maria, na querida São João da Boa Vista (cidade do interior de São Paulo), vamos começar 3 tempos do Blog Mundo Geriatria, que irão abordar particularidades das demências.
Dividirei em 4 publicações distintas, para que não fique cansativo a leitura, e também para conseguirmos discutir detalhes.
Serão estes:1) O que são as demências ?
2) Como diagnosticar um quadro demencial ?
3) Como tratá-las ?
4) Como prevenir as demências ?
Espero que possa contribuir com informações a todos vocês.
Qualquer dúvida ou apontamento, fiquem super à vontade para comentar aqui no Blog (espaço abaixo do texto).
Boa leitura : )
Com carinho
Anna Carolina Peres
quinta-feira, 4 de abril de 2019
Mundo da geriatria: Prevenindo o estresse do cuidador
Mundo da geriatria: Prevenindo o estresse do cuidador: Prevenindo o estresse do cuidador Algumas pessoas dizem - “Que benção cuidar de um familiar idoso”; outros já comentam - “Que sacrifíc...
Prevenindo o estresse do cuidador
Prevenindo o estresse do cuidador
Algumas pessoas dizem - “Que benção cuidar de um familiar
idoso”; outros já comentam - “Que sacrifício, se anular para poder cuidar do
outro”.
O consenso comum é que cuidar de um idoso, principalmente
daquele dependente de cuidados básicos, é complexo e exige muita dedicação.
Mas quem vai cuidar de
quem já cuida de alguém ?
Estranhou o questionamento? Mas é algo muito real, e precisamos
pensar e refletir sobre esta temática. Quem
cuida precisa sim estar bem, e se cuidar.
Sabemos que o ambiente familiar interfere e muito na saúde das
pessoas, principalmente na das crianças e idosos.
Neste contexto, imagine uma casa onde há um idoso com problemas
de memória, que mora com uma filha. No dia que esta filha está mais atribulada,
ansiosa com os cuidados do pai, provavelmente ele ficará mais agitado, com a
memória pior. Neste caso, apenas medicar o paciente não solucionará totalmente
o quadro clínico. Precisamos associar os cuidados do paciente aos desta filha.
Puxa, então como orientar os familiares, para deixá-los mais
tranquilos quanto aos cuidados do idoso, evitando que também fiquem doentes e
sobrecarregados ?
Vou pontuar alguns itens muito importantes que ajudarão os
cuidadores:
- Ter consciência que somos humanos e por isso temos nossos limites
Isso significa que é natural se
sentir cansado quando se cuida do próximo. Não se culpe por se sentir assim.
- Procurar ajuda
Sim! Todos precisamos de ajuda
ao cuidar de alguém.
Nada de heroismos.
Se você não pedir, talvez as
pessoas próximas não saberão que você precisa de algo.
Peça ajuda aos familiares e
amigos próximos, inclusive em grupos de convívio. Só de desabafar um problema
com alguém, ele fica menor.
Algumas instituições formam grupos de apoio, no formato de terapia
em grupo, liderados por profissionais da área da saúde; nestes encontros os
familiares cuidadores de idosos trocam idéias, frustações e experiências. A ABRAZ (Associação Brasileira de Alzheimer) é um destes locais; assim
como o Proter (Projeto Terceira Idade)
do IPQ (Instituto de Psiquiatria) da Faculdade de Medicina da USP, da qual
tenho a honra de dizer que faço parte.
Para dividir os cuidados para
com o idoso, há algumas opções interessantes. Uma delas é a creche para idosos (ou centros de
convivência).
Atualmente há opções de creches
gratuitas e particulares na cidade de São Paulo. São locais onde o idoso passa
algumas horas, ou mesmo o dia, fazendo atividades de recreação e recebendo os
cuidados de profissionais da saúde.
- Busque sempre informações
Estar
sempre informado, atualizado sobre os problemas de saúde dos idosos, ajuda a
entender como o organismo funciona com o envelhecimento. Desta maneira, fica
mais fácil de encontrar soluções para situações no cotidiano.
Por
exemplo: no artigo anterior de nosso Blog, falamos sobre as alterações naturais
no sono do idoso. Com estas informações, é possível melhorar a qualidade de
sono de toda a família.
Lembre-se
que é necessário buscar fontes seguras, onde a informação seja verdadeira e sem
pretenções comerciais.
Há
Cursos para cuidadores de informais de
idosos – o Centro de Referência do
Idoso da Zona Norte (CRI Norte) produz um deles. Participei durante 5 anos.
O
IPQ produz o Psicoeducacional aberto
ao público – no final desta publicação
deixarei o cartaz de convite.
- Momentos de lazer
É importante que você cuidador
tenha momentos de lazer, dedicados para atividades que gosta.
Pode ser uma novela, um filme,
uma atividade física.
O que vale é gerar alegria e ser
um momento dedicado a você.
Que Deus abençoe sempre todos os
cuidadores : )
Sempre digo que cuidar é um dom,
e não é para todos. Precisa de preparo e apoio SEMPRE : )
Um grande beijo
Até a próxima publicação
Com carinho
Anna Carolina Peres
Seguem abaixo alguns convites de atividades bem legais :
)
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