E em mais um dia no consultório médico, um idoso chega preocupado com sua memória:
"Dra, estou muito esquecido. Tenho me confundido com os dias da semana, e, já é a segunda vez que esqueço o que ia comprar no mercado. Me ajude !"
Quando o paciente está com queixas de memória, o primeiro passo é sabermos se é algo frequente, e o quanto isto está atrapalhando sua rotina.
É possível, através de testes clínicos feitos durante a consulta médica, quantificarmos o déficit, e analisarmos detalhes da cognição.
Aqui é importante explicar o que é cognição - são funções cerebrais que podem estar afetadas em um quadro demencial: memória; atenção; orientação espacial; comportamento social; linguagem, e função executiva.
Complicou um pouco, não é mesmo ?
Mas nosso cérebro é realmente complexo.
É comum pessoas com sintomas depressivos se queixarem de esquecimentos, mas na verdade quando avaliamos detalhadamente, a pessoa está dispersa, não concentrada em suas atividades - a atenção está diminuída, e não a memória.
Durante o envelhecimento natural (senescência), a atenção costuma diminuir, principalmente a atenção dividida - que é aquela quando fazemos mais de uma tarefa ao mesmo tempo.
Vamos ver um exemplo:
Se um jovem escreve no computador e conversa com outra pessoa no telefone ao mesmo tempo, tudo bem; mas se um idoso está cozinhando e vai atender o telefone, é provável que a comida vai queimar.
Super comum, não é mesmo?
Você deve estar concluindo - nem todo esquecimento significa um processo demencial.
Verdade, esta é uma mensagem importante.
Além de analisarmos o nível de atenção do idoso, devemos observar que há casos demenciais menos comuns, onde a memória é preservada no início da doença.
É o caso da chamada Demência Fronto Temporal.
Neste tipo de demência, o principal sintoma é a alteração comportamental. O paciente muda totalmente seu estilo de agir com o mundo - se torna agressivo, inclusive com a família; desinibido; pode ter comportamentos compulsivos (como comer demasiadamente).
Importante antes de qualquer diagnóstico, descartarmos os quadros em que a Medicina classifica como demências potencialmente reversíveis.
Sim, existem alterações que se tratadas, revertem as queixas de memória do paciente.
São as seguintes: déficits de vitamina B12 e ácido fólico; alterações metabólicas (doenças da tireóide, hepáticas e renais); hidrocefalia de pressão normal - HPN; hematoma subdural crônico - HSD, e tumores do sistema nervoso central.
Para avaliarmos um paciente que chega com queixas de memória no consultório, é necessário sabermos detalhes das falhas apresentadas no dia-a-dia (o que é relatado pelo próprio paciente, e também por um familiar ou amigo próximo); aplicar testes cognitivos, e solicitar exames laboratoriais e radiológicos, para podermos descartar as causas reversíveis de demências.
Alguns testes cognitivos que aplicamos no consultório médico são:
Mini Exame do Estado Mental e o Teste do Relógio, os quais fornecem dados da cognição global - atenção, linguagem, orientação espacial, memória; os seus resultados são classificados de acordo com a escolaridade do paciente.
Os testes não dão diagnóstico, mas auxiliam na análise da queixa de memória do paciente.
Espero ter colaborado com o processo de diagnóstico das síndromes demenciais.
Na próxima publicação, iremos abordar o tratamento.
Um abraço a todos
Com carinho
Anna Carolina Peres
Excelente artigo! Muito bom recebermos essas informações para melhor entendimento e providências a tempo, se necessário!👏👏👏👏
ResponderExcluirEstou me deliciando nos seus artigos.
ResponderExcluirGostei muito do seu Artigo, me esclareceu duvidas, obrigada bjosssssss
ResponderExcluirGostei muito do seu Artigo, esclareceu minha duvida, obrigada bjosssssssssss
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