Será que todo esquecimento é prenúncio de um quadro demencial ?
Quem já não esqueceu a chave na porta de casa (do lado de fora), deixou a comida queimar na panela ou perdeu os óculos, que atire a primeira pedra.
Fato é que todos nós já nos esquecemos de algo no dia-a-dia, não é verdade ?
Fique tranquilo ! Na maior parte dos casos, as falhas de memória são devidas à rotina estressante, onde fazemos diversas atividades ao mesmo tempo (e com isso ficamos mais distraídos), e sempre com pressa.
Quando usamos o termo demência, significa que os esquecimentos diários são tão frequentes e importantes, a ponto de atrapalhar a funcionalidade do indivíduo. A pessoa passa a precisar de ajuda para atividades que antes conseguia realizar sozinha.
Vou dar alguns exemplos:
* uma senhora que sempre cozinhou muito bem, e começa a se confundir no preparo dos alimentos (coloca sal no lugar do açúcar; esquece de receitas que sabia de cor)
* um idoso que já foi motorista de táxi, que começa a esquecer os trajetos que deve percorrer, chegando a se perder no trânsito
É fundamental enfatizar que para se classificar alguém com um processo demencial, a funcionalidade esteja afetada.
Citei exemplos de pessoas idosas, porque o fator de risco mais importante para o desenvolvimento de uma demência é a idade - quanto mais velhos ficamos, maior o risco de desenvolvermos.
Outros fatores associados ao desenvolvimento das demências são:
* escolaridade - quanto mais anos de estudo, mais protegido está o cérebro
* sedentarismo - quanto mais atividades físicas, melhor o funcionamento cerebral
*doenças clínicas não controladas - hipertensão arterial sistêmica e diabetes mal cuidados interferem na circulação do cérebro, atrapalhando a saúde dos neurônios
* traumas crânio encefálicos (TCE) - histórico de traumas importantes no cérebro podem gerar lesões importantes em áreas responsáveis pela memória
E aqui surge uma angústia muito grande dos familiares de pacientes idosos com demência: "será que eu, filho, terei o risco de também ter este problema de saúde ?"
A resposta é confortadora: a maior parte dos casos demenciais são esporádicos, ou seja, o fato de seu familiar ter a doença não significa que você a desenvolverá. Os casos genéticos, ou hereditários, são raros, principalmente na doença de Alzheimer , onde apenas 0,5% são enquadrados neste grupo (relacionados a casos raros em adultos jovens).
A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência, seguida pela demência de origem vascular (secundária a acidentes vasculares no cérebro).
A história clínica do paciente é de evolução lenta - pessoa idosa que começa a ter esquecimentos, inicialmente imperceptíveis, e vão aos poucos piorando.
Alterações no humor podem ocorrer também - aquele idoso, que além de esquecer de muitas coisas, fica agressivo, por exemplo.
Espero ter contribuído para o entendimento do significado das demências.
Na próxima publicação, abordarei como diagnosticá-las - quais os critérios clínicos (e com isso os diversos tipos de demências), e quais exames devemos solicitar ao paciente.
Até breve
Com carinho
Anna Carolina Peres
Excelente artigo! Eu vivi a experiência de ter um ente querido (meu saudoso pai) com Alzheimer. E muito difícil para a família, bom saber que a hereditariedade não e determinante para essa terrivet doença!
ResponderExcluirOi querido amigo ☺
ExcluirVerdade, é muito reconfortante saber que não necessariamente iremos ter a doença.
Em breve falaremos no blog sobre prevenção.
Um grande abraço